O livro Convulsão protestante: quando a teologia foge do templo e abraça a rua é uma das gratas leituras que realizei este ano.
Antônio Carlos Costa, pastor protestante, presbiteriano, calvinista, como ele mesmo defende em seu livro, relata uma série de experiências vivenciadas nas ruas, especificamente nas favelas no Rio de Janeiro, espaço encontrado por ele para colocar em prática o evangelho, associando claramente a necessidade de busca pela justiça social para este mundo.
O livro traz alguns incômodos e chacoalhões, principalmente aos ditos cristãos. O autor questiona o fato dos cristãos reconhecerem as pessoas como seres humanos criados por Deus à imagem e semelhança, mas que desconsideram, na prática, as condições que muitas dessas criaturas vivem, por vezes desumanas, que não retratam a presença do “amar ao próximo como a ti mesmo” ou o próprio reconhecimento de criaturas de Deus, portanto deveriam viver em melhores condições.
Costa ainda traz duras críticas aos líderes das igrejas que optam por templos luxuosos e/ou igrejas para ricos e desconsideram a realidade da pobreza, desfazendo-se do compromisso do evangelho que é para todos.
Para Antônio, ir às favelas, ver a necessidade dos que estão nas ruas e, principalmente, buscar pela inserção das igrejas nesses contextos, de modo que sejam agentes reais na transformação desses ambientes, é entender o que é evangelho, bem como compreender qual a função da igreja neste mundo. Enfim… uma igreja muito mais útil e com papel na sociedade.
Mais do que pregar tal ideia, é possível ver a prática nos testemunhos de Antônio Carlos Costa relatados nesse livro.
Muitos dos que acompanham as criativas e contundentes manifestações contra a violência e a desigualdade social e em favor dos direitos humanos, em especial na cidade do Rio de Janeiro, cuja eloquência e impacto alcançam a mídia em todo o planeta, não fazem ideia de que, por trás desse movimento, está um pastor cujo ministério sofreu uma guinada espetacular. Em “Convulsão protestante”, Antônio Carlos Costa relata por que decidiu dar uma reviravolta em sua carreira ministerial e lançar-se na desconhecida e imprevisível jornada em favor da massa empobrecida deste país. Engana-se quem espera do autor um texto panfletário, de pena viciada pelos usos e abusos da retórica marxista. Antônio é um pensador e articulador atento ao texto bíblico que, em dado momento, foi confrontado por Deus a agir. “Convulsão protestante” ajudará o leitor a compreender por que o crescimento acelerado do cristianismo em nosso país não resultou em uma sociedade mais justa e digna para todos.
(Sinopse do livro. Disponível em: https://www.amazon.com.br/Convuls%C3%A3o-protestante-Quando-teologia-templo/dp/8543300827)
Justiça social, direitos humanos, favelas do Rio de Janeiro, cristianismo na prática, eu diria que são palavras-chave dessa obra literária.
Super indico! Disponível nas livrarias do Brasil, bem como no Kindle on-line. Leiam e estejam de olhos e ouvidos bem abertos!