A arte e suas interpretações

Comecei a assistir a série documental Abstract: the art of design da Netflix, que traz como funciona a ideia por trás de uma arte, os bastidores e a intenção.

Logo no primeiro episódio, Olafur Eliasson é o designer de destaque e que narra suas próprias artes e exposições.

Eu confesso que como ele mesmo menciona no episódio, me encaixo naquele grupo que às vezes se julga “burro” diante de uma obra de arte. Muitas vezes, frequento museus e exposições artísticas, mas me vejo em dificuldade de compreender a mensagem que está por trás da obra, especialmente quando se trata de arte moderna, arte abstrata, arte não tão lógica visualmente falando. Mas assistir esse primeiro episódio me fez entender melhor como é louca, fantasiosa e brilhante a mente de muitos artistas, como a do designer em questão, focando principalmente numa questão interessante e anterior à obra: “o que veio antes da ideia?”.

Alguns trechos desse primeiro capítulo dessa série me atraiu especial atenção e destacarei com você, caro leitor.

Logo de início, ele menciona o ponto de vista, de como isso modifica a visão de cada um e também cita de forma bastante específica o poder que as cores têm para nossos olhos. Olafur aponta a cor amarela como aquela que tem o poder de inibir as outras cores. De modo a levar isso ao espectador tornando-o participante da obra, o artista fez uma exposição no Tate Modern, museu de arte moderna daqui de Londres, em 2003, em que em uma sala havia a cor amarela presente nas luzes, uma sala vazia, em que ao adentrar, devido à cor das luzes, as pessoas perdiam sua cor, todos se mostravam com ausência de cor, isto é, estavam pretos, cinzas e brancos.

A comprovação da luz amarela e a inibição das demais cores.
(📷 Netflix)
Quando há a presença de luz branca, as outras cores podem ser visualizadas normalmente.
(📷 Netflix)

Além disso, na exposição também havia uma sala com um suposto sol, espelhado para dar maior dimensão a sala e iludir os olhos do público, a ponto de interpretarem como o “fim dos tempos”, “um lugar pra meditação e incentivador de yoga”, dentre outras interpretações, pois são pessoas diferentes.

Não precisamos ser iguais para dividir o mesmo espaço. (ELISSON)

Como bem disse Elisson, “não há uma interpretação correta”, mas foi possível provar a ideia de ponto de vista e como a cor comunica algo.

Além desses trabalhos, Olafur Eliasson mostrou ao longo do episódio que seguiu desenvolvendo seus trabalhos com design, juntando-se também a arquitetos, e discutindo sobre a questão do meio ambiente, como, por exemplo, o Wether Project. Para algumas de suas criações e exposições, o designer levantou discussões como o derretimento das geleiras e aquecimento global, além de outras vertentes de cunho social, como debater através da arte o não acesso a luz no mundo ser de 1 a cada 8 pessoas, o que inclui não ter acesso a várias outras possibilidades. (Aqui ele desenvolve um objeto de arte que promove luz, um espécie de lanterna de luz solar, portanto natural e de mais fácil acesso a outros e com menos degradação do meio ambiente – o que ele chama de narrativas positivas, pensamentos em ações, thinkingdoing).

É importante falar sobre clima em uma linguagem que não seja de desgraça e melancolia.

Enfim… é curioso pensar que antes de artista, há uma ser humano com questões, com anseios por querer resolver e debater.

Para finalizar, destaco a seguir algumas falas de Olafur Eliasson ao longo do episódio e que me fizeram refletir:

Às vezes ficamos obcecados com o como e nos esquecemos do porquê de estarmos fazendo aquilo.

Sob perspectiva:

Tudo depende de como vemos o mundo.

Ao começar sua carreira, diante de pessoas que pareciam saber tão mais e serem muito mais avançadas em suas áreas do que ele, Erisson pensou:

Eu não precisava ter sucesso para ter qualidade.

Se eu vou tentar dizer algo, é melhor que eu seja eu mesmo.

Ao incentivar outros a pensarem e desenvolverem arte, ele conta:

Quando pergunto para crianças se elas sabem desenhar um carro, eu tento deixar claro que não é o carro que importa. O que importa é se você tem a fantasia de ver o carro.

Sobre a necessidade das pessoas fazerem suas criações:

Cultura são coisas do mundo.

Falando em o porquê da arte:

A arte é a habilidade do mundo de investigar e ter uma relação íntima consigo mesmo.

Para fechar o episódio, o designer fala sobre adequação do ser humano a situações e vivências:

Quando você vê que a realidade é relativa, é mais provável que você mude.

Fica a dica pra quem curte documentário, arte e até para quem é um tanto não tão conhecedor como eu nesse assunto.

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