Deus me free do elitismo acadêmico branco!

Por que digo isso?

Quem aí assistiu Karnal, um dos filósofos atuais de mais renome e que eu também considero super inteligente, mas como todo branco acadêmico elitista ja deu um bola fora (me incluo nesse grupo, num nível de inteligência talvez não tão elevado quanto ao do Karnal, mas que por vezes já me vi dentro de grupos brancos, acadêmicos e elitistas, que desconhecem muitas realidades e desabrocham em vomitar fórmulas e verdades como se fossem absolutas… e ainda dão bola fora!).

Meu amigo! Périclão! Grande artista brasileiro, preto, natural de Santo André-SP, um dos grandes nomes do samba e pagode brasileiro, que já tocou em sorveteria, já foi cabeleireiro, grande nome dentro do Exaltasamba e hoje cantor solo, assumindo um grandes palcos desse Brasilsão. Não famoso pelas atuais lives.

Tudo bem, Karnal, talvez você não conhecê-lo. Talvez você não curta muito um pagodão, um samba, o típico ritmo oriundo da africanobrasilidade, aquele que vem das camadas não-elitizadas do país. E olha que sou rockeira, mas conheço o grande Périclão, aquele que vai além de uma voz criativa, aquele que conquistou seu espaço neste país tão desigual e que academia erra em desconsiderar quem não faz parte dela.

Grande Péricles! Fica minha admiração a você e a minha sugestão ao Karnal e a nós brancos e/ou acadêmicos e/ou elitistas: conheçamos outros Péricles, outras bolhas e valorizemos e acima de tudo não desvalorizemos aqueles que buscam todos os dias os seus espaços… valorizemos outras culturas e nomes que não sejam só de origem europeia, afinal até quando a colonização estará sobre nossos ombros?

Numa TV que atinge a grande massa fica complicado ouvir um acadêmico branco diminuir um preto que já é nome faz tempo no país! É preciso conhecer a própria cultura do país e valorizar os seus!

Formação Acadêmica, ok! E as ações de ser humano?

Acessando as redes sociais, me deparei com o Tweet da Fernanda @qissofernanda (abaixo), que coincidiu com a temática que hoje quero aqui abordar.

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Fonte: https://twitter.com/qissofernanda/status/978611406630215681

Além da questão da linguagem, abordada pela colega, gostaria que refletíssemos a respeito das demais relações provenientes entre esses grupos.

Lembro-me de um psicólogo que para sua tese de mestrado sobre “invisibilidade pública” vestiu-se e vivenciou experiências como gari. “Fingi ser gari e vivi como um ser invisível.”, é o que disse o psicólogo social Fernando Braga da Costa.

Leia mais em: http://www.ip.usp.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=3666%3Ao-homem-torna-se-tudo-ou-nada-conforme-a-educacao-que-recebe&catid=46%3Ana-midia&Itemid=97&lang=pt.

Outros, próximos a mim, que vivenciaram experiências semelhantes, relataram a invisibilidade como algo comum. E essa invisibilidade é demonstrada no “Não bom dia!”, no olhar de desprezo e/ou superioridade, no cigarro jogado no chão e/ou no papel de bala que “voa” das mãos, desconsiderando, assim, o trabalho do outro…

Enfim, das mais diversas formas. Basta pensar…

Agora pergunto…

Diante da sua função socio-econômica, empregatícia, como você reage ao trabalhador que está do outro lado, seja “acima” ou “abaixo” de você, digo isso perante à classe já estigmatizada pela sociedade?

O que diferencia um do outro? Mérito? Oportunidades?

No seu ponto de vista, é possível estabelecer uma relação independentemente de “níveis”?

Quais são suas ações de modo que você considere as respostas aos questionamentos anteriores?

Qual é sua desculpa?

 

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Você realmente é capaz de enxergar o outro a ponto de agir pensando nele também? É empatia que fala?

 

 

“Fingi ser gari e vivi como um ser invisível.” Fernando Braga da Costa