Da série Pessoas que inspiram…
Nascida na pequena Borrazópolis, Paraná, cidade de 8.000 habitantes, em 19/02/1991, filha de pais separados, Ana Paula Rasaboni foi criada por 3 mulheres: 2 deficientes e 1 idosa: “Eu tive uma base familiar que foi muito importante para minha formação. Fui criada por 3 mulheres, sendo 2 deficientes e 1 idosa. Para mim, elas são referência de superação e dedicação. Eu não me permito lamentar de qualquer coisa… eu não me permito dizer que não posso, porque eu vi que é possível sim. O negócio é o preço. Quase ninguém quer pagar o preço! E é caro, viu! [risos]”. Além dessas 3 mulheres, Ana Paula, que afirma não ser religiosa, mas uma mulher de fé, declara: “Minha inspiração, além delas, é ser generosa como Jesus, amar como Jesus, cuidar como Jesus cuidou e respeitar a todos. […] Se você parar para pensar em Jesus (e não na sua igreja), você verá que Jesus era/é um cara legal. Dele não emanava julgamento, somente perdão e amor. Já parou pra pensar se quem se diz religioso seguisse o exemplo de Jesus? Já parou pra pensar nisso? Isso é muito sério.”.
Ana Paula conta que sempre foi muito incentivada a estudar e a correr atrás de seus sonhos. Com seus 18 anos, vivenciando a fase das indecisões, bastante característica dos jovens nessa fase, Ana precisou escolher entre uma bolsa de estudos em Publicidade e Propaganda, assumir a vaga em Tecnologia do Meio Ambiente na Universidade Estadual de Maringá (UEM), onde passou em 5º lugar, e a vaga no curso de Licenciatura em Letras na Universidade Estadual de Londrina (UEL). Cursos bastante distintos, como podem perceber.
Foi quando, após optar por Letras, Rasaboni mudou-se para Londrina, onde concluiu sua formação acadêmica. Ainda, após concluir a universidade, ela resolveu fazer um novo curso em uma outra área, tornando-se corretora de imóveis, área que ela se diz apaixonada, já que concilia a comunicação e as vendas.
Atualmente, Ana Paula trabalha como corretora de imóveis com a prospecção de clientes para captação de imóveis e mediação das negociações que surgem através da divulgação que ela mesma faz e/ou por indicação de outros clientes.
Apaixonada por gente e por lugares, Ana Paula Rasaboni é uma mulher comunicativa, sociável e aventureira: “Eu sou apaixonada por gente e amo conhecer lugares. Mas as pessoas, ah! As pessoas! Gosto de ouvir os mais diversos pontos de vista e penso: ‘Caramba! Quantos pensamentos diferentes do meu! Uns eu abomino, outros discordo, alguns eu ignoro, mas todos, absolutamente todos me ensinam. Minha paixão por pessoas começou quando eu percebi que era melhor aprender com os erros do outros do que errando eu mesma. A sabedoria ao agir, falar e pensar me previnem de muitas situações desagradáveis. Acredito que isso faz eu ampliar o significado de empatia, faz eu querer ser mais justa mesmo quando eu não posso me favorecer. […] Quando a gente conhece as pessoas, conversa com elas, as escuta, a gente percebe que tem muito do outro na gente e que existe outros além da gente”.
Ela conta que uma das grandes barreiras que enfrentou foi quanto à autoestima: “Eu tive todos os apelidos de magra do mundo, não praticava bem nenhum esporte e já fui eleita a mais feia da sala, talvez por não seguir o padrão pregado pela sociedade. A minha inteligência e bom humor me livraram de toda e qualquer desistência e/ou depressão. Ah! E claro, minha fé em Deus!” – conta Ana Paula.
Como mencionado anteriormente, Rasaboni ama estar envolvida com pessoas e suas respectivas histórias de vida. Diante disso, ela se dispôs a participar de um projeto social com idosos em um salão cedido por um centro espírita, onde tenta levar a alegria a eles através de várias atividades recreativas todas às terças-feiras.
Veja aqui uma das atividades no asilo
Inclusive, recentemente, Ana esteve na Colômbia por 50 dias para um trabalho voluntário em um asilo com mais de 200 pessoas com as mais variadas debilidades. Ela conta ter sido uma experiência inesquecível e de muito aprendizado, tanto pelo convívio com os idosos, quanto pela aprendizagem de uma nova língua e, também, quanto pelo “aperto” financeiro que vivenciou.
Rasaboni, que veio de cidade pequena, “menina” bem do interior, foi aos poucos procurando novos horizontes. Primeiro, Londrina, onde fez uma faculdade, e, hoje, vive na Bahia: “Tudo há um preço a ser pago! […] Eu, por exemplo, mudei-me para a Bahia com 2 malas, nada mais. Sem amigos, sem casa, sem emprego. Eu e 2 malas. Não precisei, mas vim disposta a trabalhar em mercado, hotel, bares. Esse tipo de disposição poucos tem. […] Já trabalhei com recriação infantil, vendi bolo na faculdade, trabalhei de garçonete… Por várias vezes dividi a marmita em 2 ou 3 refeições, deixei de comer pizza e tomar sorvete, porque não tinha dinheiro. Mas eu faria tudo novamente, porque foram fases que me trouxeram muito mais do que aparentava ter sido tirado. É preciso disposição e coragem para isso… Que tal comer miojo por 3 dias? Trabalhar das 8 às 3 da manhã do outro dia? Concordo que é “pesado’, mas sei lá! Faço de tudo para ficar melhor ou mais feliz do que a situação que me encontro, se esta me incomoda, é claro! Vale a pena! Mas há um preço e muitas vezes não tem como prever qual será. As pessoas querem o previsível… Não querem surpresas, não querem passar por um momento ruim, diferente…. se acostumam com o ruim que estão vivendo e reclamar dele está ótimo, porque dá para comprar, por exemplo, o perfume caro ou a roupa de marca que tanto querem”, expõe Ana.
Ana Paula gosta de lembrar um pensamento de Bukowski, um escritor (até tatuou tal frase!): “Eu escolhi fazer as coisas, não foram elas que me escolheram.”. Para ela, essa frase diz exatamente quem ela se define: “Sempre, desde criança, fiz o que “quis” e paguei todos os preços” – afirma Ana. Mas como para tudo há um preço, como ela mesmo citou, e por ser uma menina de fé, ela tem para quem pedir socorro: “No meu desespero, eu clamei e Deus ouviu a minha voz”, declara.
Arriscar, sorrir e ajudar o próximo são ações que movem Ana Paula Rasaboni. Para alguns, pode ser loucura, mas ela tem tentado rumos diferentes, adquirido novos conhecimentos e se relacionado com muitas pessoas: “Muitos dizem que inspiro pela minha alegria, em estar sempre disposta a ajudar e por ser corajosa. Eu compreendo que posso inspirar literalmente porque costumo impulsionar as pessoas que comigo convivem. Me orgulho de lembrar de um colega, que comigo trabalhava em um escritório de advocacia. Ele era ex-porteiro e estava tendo sua primeira oportunidade em um escritório. Devido a falta de prática e até por não acreditar em si próprio, ele era um tanto lento. Até que um dia, o puxei em um cantinho, e dei-lhe um puxão de orelha, um “sacode”. Disse a ele assim: ‘ou você se dedica e decide que é isso que você quer, a ponto de mudar de vida, prosperar e usar aquilo que você estudou, ou você vai voltar para portaria do prédio!’. Importante: Nada contra a quem é porteiro, mas ele não gostava dessa profissão e estava tendo uma nova oportunidade… porém estava a deixando escapar por não acordar. Sei que fui um tanto dura, mas penso que tenha sido necessário e, a partir daquele dia, ele mudou totalmente. Hoje, ele é gerente desse escritório, com mais de 40 colaboradores, e isso me enche de orgulho! É notável a reviravolta”, conta Ana.
A vida de Ana não foi só flores. Ela passou por alguns problemas em seus relacionamentos familiares e amorosos, até com denúncia à polícia de um ex-namorado, além das dificuldades financeiras. Mas em todo tempo, ela manteve-se firme, em busca de seus sonhos, buscando amadurecer e crescer. Ela continua tentando. Feliz. Seguindo…
Ana é a dita louca. É mulher aventureira e de fé e está sempre prezando pelo bem do seu próximo. Da mesma forma que para alguns isso assusta, ela inspira.
Ana, que sua loucura e bom coração continuem invadindo o mundo!
E aí? Quem te inspira?
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Para contatar a Ana Paula Rasaboni, envie um e-mail para: razzaboni@hotmail.com.