
A começar pelo título bastante intrigante, somos levados a pensar sobre nosso legado. Como seremos lembrados quando partirmos?
Antes de continuar a análise da letra, é necessário considerarmos a liberdade poética da música, compreendendo que o eu-lírico é alguém que já faleceu e está observando quem ele foi e como agiu enquanto estava vivo.
Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer
A morte é uma das poucas certezas da vida, mas como não sabemos quando ela chegará, nos damos o direito de adiar o amor aos outros e a si próprio, adiar o choro, deixar para depois o observar as maravilhas da natureza, inclusive evitamos o errar a partir do momento que deixamos de tentar fazer coisas novas.
Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria
E a dor que traz no coração
Aceitar as pessoas como elas são não condiz com a ideia de concordar com o que elas pensam ou como agem, mas sim respeitá-las independentemente de qualquer circunstância, de qualquer condição, de gostar ou não gostar. É o ato de exercitar a empatia (leia o post “Mimimi”), colocar-se no lugar do outro antes de agir, falar, criticar, reclamar… Tarefa bastante difícil, confesso, mas que é decisão diária a ser praticada, afinal “cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração”.
O refrão da música, marcado pela palavra “acaso”, condiz com o fato de que uma hora é delimitado o ponto final da vida, seja porque Deus assim determinou (como eu acredito), seja o “acaso” que o eu-lírico da letra prefere descrever ou qualquer outra vertente que você acredita. Uma coisa é certa: um dia todos partiremos… e quem foi você?
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor
Seguindo a análise da vida que passou, o eu-lírico é enfático ao afirmar que complicou demais e trabalhou mais do que deveria, isto é, priorizou outras coisas das quais não eram prioridade. Isso é bastante comum em nossas rotinas… Vá! Confesse… Quantas vezes não complicamos ao invés de descomplicar? Quantas vezes fizemos tempestades em copos d’água? Quantas vezes implicamos com coisas pequenas a tornando grandes problemas? Quantas vezes você priorizou seu trabalho ao invés de sua família, de seus amigos, de sua vida social? Não estou dizendo aqui que é necessário abandonar o barco, mas buscar equilíbrio e entender que momentos são momentos, portanto passam! Isso pode nos ajudar a estabelecer prioridades.
É… devíamos ter amado mais! Ops! Devemos amar mais! Estamos vivos e nunca é tarde para mudarmos nossas atitudes e nossos comportamentos, estabelecer as reais prioridades e não se arrepender tanto no futuro daquilo que fizemos ou deixamos de fazer.
Por isso, Epitáfio é uma Canção para a vida.
Pensemos, repensemos e façamos novas escolhas. Mudemos a rota. Nunca é tarde.
Afinal, qual será seu epitáfio?