O racismo contra os negros é velado no Brasil?

Todos nos somos iguais perante a lei ou pelo menos deveríamos ser, mas sem distinção de qualquer natureza, conforme o Art. 5o da Constituição da República Federativa do Brasil.

 

Não questionando a veracidade da lei em si, mas, sim, a sua aplicabilidade na sociedade atual, faz-se necessária uma reflexão e atuação das partes legais perante às situações de preconceito racial, pois constantemente os noticiários anunciam episódios de racismo.

Em alguns casos, ocorre de forma sutil, de modo que nem seja “percebido”. Infelizmente, atos racistas passaram a ser corriqueiros no Brasil, principalmente, quando a vítima não possui status social elevado.

Hoje prefiro me ater a um deles… o racismo contra os negros, que muitos julgam ser apenas “mimimi”.

Seja nos noticiários, seja no dia-a-dia, você já deve ter acompanhado alguma cena de racismo… apenas para refrescar a memória, seguem algumas situações exemplos: torcidas rivais imitando sons de macaco e/ou atirando bananas quando um jogador negro tem acesso à bola (Tinga, Neymar, Daniel Alves, Aranha…); jovens sendo seguidos por seguranças nas lojas por serem negros e, ainda, outros por serem impedidos de entrar em certos lugares por sua cor (desde Shopping em Curitiba/PR, Shopping no ES, até Shopping na Bahia, recentemente com o menino que apenas ia ter sua comida paga por outro rapaz…); mães negras com filhos brancos sendo “confundidas” com empregadas e/ou babás; alunos de universidades, bolsistas, cotistas ou não, sofrendo ataques dos “colegas” (aluno da FGV chamado de “escravo do fumódromo”, portas dos banheiros da Faculdade do ABC Paulista com dizeres racistas, estudante de Medicina da USP em evento esportivo…); candidato à governo a fim de angariar votos (acredito!) menosprezando pessoas ou afirmando que racismo não existe ou é causado por uma minoria (Bolsonaro, Flávio Rocha…); apelidinhos não tão fofos e outros que parecem ser inofensivos e que prefiro não mencionar aqui, apenas para não incentivar ou talvez até te fazer achar graça daquilo que não tem graça nenhuma, ainda mais quando quem os recebe não gosta nem um pouco de recebê-los ou aceita porque já teve que se acostumar.

Enfim… basta acompanhar os noticiários diários e observar seu cotidiano…

Embora no Brasil haja uma forte mistura de raças, diariamente as pessoas negras são vítimas de muitas situações como as aqui citadas. Dessa forma, por mais que tentem apaziguar, esta tem sido a realidade: um país que finge viver a tentativa de uma sociedade justa, igualitária e humanizada, quando a questão é racial.

Porém, episódios como esses têm provocado não só indignação, mas gerado reflexão em boa parte da sociedade. Provavelmente, você já pode ter presenciado ou ouvido alguma situação dessa natureza, mas, então, qual foi sua reação? Qual foi o seu sentimento neste momento? Concordou? Silenciou?

É impossível não ver… Se não vê, algo está errado e vale a pena investigar, rever, dialogar, colocar-se no lugar do outro que está do outro lado.

É necessário tirarmos urgentemente as vendas dos nossos olhos…

Reconhecer o outro, respeitá-lo, proporcionar situações realmente equitatárias, recepcionar, criar vínculos… AMAR… Independente da raça, da cor, da religião, da opção sexual, da condição física, psicológica e/ou social. Acredito que só assim poderemos ampliar nossa visão de humanidade e nos unir frentes às questões e dificuldades que realmente importam e são imprescindíveis!

 

 

Este artigo da autora foi publicado primeiramente no Blog da Central Única de Favelas (CUFA) Paraná, disponível em: http://cufa-pr.blogspot.com e readaptado para o Blog Karen Campana.

 

 

Formação Acadêmica, ok! E as ações de ser humano?

Acessando as redes sociais, me deparei com o Tweet da Fernanda @qissofernanda (abaixo), que coincidiu com a temática que hoje quero aqui abordar.

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Fonte: https://twitter.com/qissofernanda/status/978611406630215681

Além da questão da linguagem, abordada pela colega, gostaria que refletíssemos a respeito das demais relações provenientes entre esses grupos.

Lembro-me de um psicólogo que para sua tese de mestrado sobre “invisibilidade pública” vestiu-se e vivenciou experiências como gari. “Fingi ser gari e vivi como um ser invisível.”, é o que disse o psicólogo social Fernando Braga da Costa.

Leia mais em: http://www.ip.usp.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=3666%3Ao-homem-torna-se-tudo-ou-nada-conforme-a-educacao-que-recebe&catid=46%3Ana-midia&Itemid=97&lang=pt.

Outros, próximos a mim, que vivenciaram experiências semelhantes, relataram a invisibilidade como algo comum. E essa invisibilidade é demonstrada no “Não bom dia!”, no olhar de desprezo e/ou superioridade, no cigarro jogado no chão e/ou no papel de bala que “voa” das mãos, desconsiderando, assim, o trabalho do outro…

Enfim, das mais diversas formas. Basta pensar…

Agora pergunto…

Diante da sua função socio-econômica, empregatícia, como você reage ao trabalhador que está do outro lado, seja “acima” ou “abaixo” de você, digo isso perante à classe já estigmatizada pela sociedade?

O que diferencia um do outro? Mérito? Oportunidades?

No seu ponto de vista, é possível estabelecer uma relação independentemente de “níveis”?

Quais são suas ações de modo que você considere as respostas aos questionamentos anteriores?

Qual é sua desculpa?

 

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Você realmente é capaz de enxergar o outro a ponto de agir pensando nele também? É empatia que fala?

 

 

“Fingi ser gari e vivi como um ser invisível.” Fernando Braga da Costa