Na década de 70, a Coréia do Sul era um país muito semelhante ao Brasil: subdesenvolvido, com grandes problemas de corrupção em todas as esferas, que ainda sofreu guerra, foi invadido e mais tantos outros problemas que poderiam justificar um possível atraso do país.
Mas eis que a população e os próprios governantes passaram a ver a educação como elemento transformador da realidade do país, tornando-se o foco central de toda a política nacional. Ainda que essas mudanças não fossem imediatas, iniciou-se um novo processo visando novos e bons resultados.
Um pouco mais que 40 anos depois, hoje, a Coréia do Sul está em segundo lugar da melhor educação pública do mundo, atrás somente de Cingapura. Inclusive, são raríssimas as escolas privadas coreanas.
Em dia de vestibular, por exemplo, o país para por 1 hora para evitar barulhos e atrapalhar a ida dos alunos. Por aí é possível notar o valor que eles cedem aos estudos.
Lá o professor é respeitado pela sociedade, pelos alunos e pelo governo, bem remunerado e com condições de ambiente de trabalho adequadas e, na outra via, seu trabalho é avaliado, após difícil nível de concurso, garantindo assim níveis altos de todos os envolvidos no processo.
A continuidade de um projeto de educação é garantida independentemente de mudança de governo, priorizando assim uma crescente da educação, visando o bem geral da sociedade.
Outro fator curioso e talvez até estranho para nós brasileiros é que, apesar do ministério da educação ser por indicação, como no Brasil, o secretário da educação, aquele que terá contato direto com as escolas, é eleito pelo povo. Só por aí já se nota uma maior proximidade da sociedade “dentro” das escolas. Sinceramente, nem consigo imaginar em quem a maioria dos brasileiros votaria se devessem votar para esse cargo.
Acima dos 97% encontra-se o nível de permanência escolar, tornando baixíssima a taxa de evasão (ainda, é realizada uma visita ao aluno faltante caso não compareça por mais de 3 dias). Isto é, a presença das crianças na escola é prioridade, ainda que uma ou outra família não entenda a necessidade disso.
Nos últimos anos escolares (como o “ensino médio” no Brasil), algumas escolas coreanas já são voltadas a áreas especializadas, como ciências, artes e até escolas técnicas (algumas, por sinal, tem vagas bem concorridas). A vantagem é que o aluno pode escolher seguir numa escola mais específica ou seguir uma mais ampla, para que depois defina seu futuro profissional. A ideia é oferecer opções aos alunos diante das necessidades deles, sem delimitar apenas um modelo de escola como ideal.
Como ocorreu na Coréia do Sul, é necessário entender que a educação transforma! Criar uma cultura da presença familiar nas escolas pode ser um caminho para que isso se realiza com maior clareza e profundidade. Lá, por exemplo, é comum ver nas escolas voluntários – pais e/ou responsáveis – nas mais diversas áreas, como em refeitórios, reforços escolares, feiras e eventos, bibliotecas, limpeza etc. Isto é, a comunidade literalmente entra na escola. Na contramão disso tudo, quem realmente conhece os interiores das escolas do Brasil, sabe o quão difícil é ver uma maioria dos pais e/ou responsáveis participarem em simples reuniões CONVOCADAS. Sem contar tantos outros que se viram contra os profissionais da educação, sem nem ao menos vivenciar de perto a realidade seja do seu próprio filho(a).
Hoje os níveis de educação na Coréia continuam crescendo e há, atualmente, um foco maior sob as novas necessidades do século XXI, como comunicação, visto que esse quesito especifico no PISA é o que menos se elevou, além do cuidado com o exagero de tempo que as crianças permanecem nas escolas, sendo que algumas frequentam até duas (até à noite!). Excessos.
Observemos os bons exemplos e aprendamos com eles.
É um longo caminho pela frente, mas é possível se todos se empenharem!
Nos atentemos para onde estamos indo!
A colheita do amanhã sempre vem…
Leia também: “Educação em London: primeiras impressões”
Fontes:
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2002/020819_educaro3.shtml
https://www.oecd-ilibrary.org/education/lessons-from-pisa-for-korea_9789264190672-en