Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades.
Ontem, dia 12 de novembro de 2018, com 95 anos de idade, faleceu um dos grandes nomes do entretenimento: Stan Lee.

Reconhecido por suas histórias em quadrinhos que logo se tornaram filmes e desenhos animados, Stan Lee era escritor, produtor, dublador, personagem de desenho animado e com diversas atuações “ligeiras” em seus filmes da Marvel. Contribuindo para nossa mente imaginativa, ele foi criador de mais de 300 personagens. Um gênio!
Stanley Martin Lieber nasceu em New York em 28 de dezembro de 1922.
Segundo sua autobiografia, denominada “Excelsior!”, palavra costumeiramente usada por ele para representar algo incrível, Stan Lee era de origem pobre, filho de uma dona de casa e de um alfaiate. Aos 9 anos, ganhou um irmão e na mesma época seu pai vivenciou o desemprego devido a crise de 29.
“Ver o efeito desmoralizante que o desemprego dele teve em seu espírito, fazendo ele se sentir dispensável, me trouxe uma sensação que nunca consegui esquecer […] É um sentimento de que a coisa mais importante para um homem é ter trabalho pra fazer, estar ocupado, ser útil”. (Stan Lee)
Em 1939, obteve seu primeiro emprego escrevendo obituários para jornais e folhetos publicitários para um hospital. Tempos depois, uma de suas primas casa-se com Goodman, o dono da Timely, editora com foco na criação de quadrinhos e Stanley lá começa a trabalhar, desenvolvendo roteiros, com o pseudônimo Stan Lee (poupando seu verdadeiro nome para quando escrevesse algo realmente excelente… mal sabia o quanto ele seria bom nisso! (risos)).
Após um desentendimento entre o dono da editora e seus editores, Goodman pergunta se Stan Lee consegue assumir, ainda que com 17 anos. Ele aceita o desafio.
Por 20 anos, escrevendo sob as ordens de Goodman, segundo a procura do mercado, Stan Lee se vê cansado da falta de liberdade para desenvolver as histórias conforme seus gostos e ameaça para sua esposa largar o trabalho. Foi quando ela o aconselhou a escrever o que quisesse, ainda no emprego, conscientizando-o sobre a possível demissão.
Seguindo o conselho e após ler a Liga da Justiça, Stan Lee cria o Quarteto Fantástico, uma família um tanto fora do padrão do biótipo de super-heróis. As vendas foram um sucesso. Nesse período, ele cria também Hulk, Homem-Aranha e X-Men, sucessos até hoje.

A empresa Timely tem seu nome mudado por Goodman para Marvel, após um episódio de Tocha Humana, denominado “The Marvelous Tales”. Tempos depois, já cansado dos negócios, Goodman decide vender a empresa e é aí que os acionistas definem Stan Lee como o novo chefe.
De lá para cá, Stan Lee teve alguns impasses com os principais desenhistas da empresa, que questionavam o fato dele levar todo o crédito por criações que não eram plenamente dele, já que envolviam o desenho de outras designs. Ações judiciárias milionárias rolaram, mas ele permanecia com o discurso de ser o real autor, já que era quem idealizava.
Ano passado, Stan Lee perdeu sua esposa, após 69 anos de casados. Logo depois, processou seu antigo empresário por abuso e fraude; foi também acusado por enfermeiras de assédio.
Apesar dos pesares e também de todas as excelentes produções, sua fama se estendeu por entender e expressar em suas histórias e personagens a própria sociedade em que vivia, criando super-heróis que também possuíam falhas, vícios, imperfeições…
Não há muito tempo, Stan Lee declarou:
“A Marvel sempre será um reflexo do mundo que vemos pela nossa janela. Esse mundo pode mudar e evoluir, mas uma coisa que nunca mudará é a maneira como contamos nossas histórias de heroísmo. Essas histórias têm espaço para todos, independentemente de sua raça, gênero, religião ou cor de sua pele. A única coisa que não temos espaço é ódio e intolerância. Esse homem ao seu lado, ele é o seu irmão. Aquela mulher ali é sua irmã. E essa criança andando, Hey, quem sabe? Ele pode ter a força de uma aranha. Somos todos partes de uma grande família: a família humana e todos estamos juntos na Marvel. E você, você é parte dessa família, faz parte do Universo Marvel, que sempre está buscando melhorar e buscar a glória. Em outras palavras, Excelsior!”
Parafraseando o próprio Stan Lee, com grande poder, ele agiu com bastante responsabilidade e deixou um super legado para nossa imaginação, reflexão e indagação sobre a sociedade e nossa função nesse meio.
Obrigada, Stan Lee!
Todos nós desejamos ter superpoderes. Todos desejamos que pudéssemos fazer mais do que podemos fazer.
#StanLee #ripStanLee #heroes