Epitáfio

Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer
Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria
E a dor que traz no coração
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor
Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr

 

Intérprete: Titãs

Compositores: Sergio Britto

 

A música intitulada Epitáfio, interpretada pela banda Titãs, traz uma belíssima reflexão sobre a vida: a vida passageira. Na música podemos notar referência ao poema Instantes de Nadine Stair.

INSTANTES

Se eu pudesse viver novamente minha vida, Na próxima,
trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão
perfeito, relaxaria mais, Seria mais tolo ainda do que
tenho sido, Na verdade, bem poucas coisas levaria a sério.

Seria menos higiênico, correria mais riscos, viajaria mais,
contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas,
nadaria mais rios. Iria a lugares onde nunca fui, tomaria
mais sorvete e menos lentilha, teria mais problemas reais e
menos problemas imaginários.

Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e
produtivamente cada minuto da vida: claro que tive momentos
de alegria. Mas, se pudesse voltar a viver, trataria de ter
somente bons momentos. Porque, se não sabem, disso é feita
avida, só de momentos; não perca o agora. Eu era um desses
que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de
água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas; se voltasse
a viver viajaria mais leve.

Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no
começo da primavera e continuaria assim até o fim do
outono. Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais
amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra
vida pela frente. Mas, já viram, tenho 85 anos e sei que
estou morrendo.

Nadine Stair

Hoje, me aterei especificamente à letra da música Epitáfio.

Epitáfio significa “sobre o túmulo”, vem do grego epitáfios. Este termo se refere às frases que são escritas, geralmente em placas de mármore ou de metal e colocadas sobre o túmulo, ou mausoléus nos cemitérios, com o fim de homenagear seus mortos sepultados naquele local. Estas placas são chamadas de lápides.

Fonte: https://www.significados.com.br/epitafio/

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A começar pelo título bastante intrigante, somos levados a pensar sobre nosso legado. Como seremos lembrados quando partirmos?

Antes de continuar a análise da letra, é necessário considerarmos a liberdade poética da música, compreendendo que o eu-lírico é alguém que já faleceu e está observando quem ele foi e como agiu enquanto estava vivo.

Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer

A morte é uma das poucas certezas da vida, mas como não sabemos quando ela chegará, nos damos o direito de adiar o amor aos outros e a si próprio, adiar o choro, deixar para depois o observar as maravilhas da natureza, inclusive evitamos o errar a partir do momento que deixamos de tentar fazer coisas novas.

Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria
E a dor que traz no coração

Aceitar as pessoas como elas são não condiz com a ideia de concordar com o que elas pensam ou como agem, mas sim respeitá-las independentemente de qualquer circunstância, de qualquer condição, de gostar ou não gostar. É o ato de exercitar a empatia (leia o post “Mimimi”), colocar-se no lugar do outro antes de agir, falar, criticar, reclamar… Tarefa bastante difícil, confesso, mas que é decisão diária a ser praticada, afinal “cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração”.

O refrão da música, marcado pela palavra “acaso”, condiz com o fato de que uma hora é delimitado o ponto final da vida, seja porque Deus assim determinou (como eu acredito), seja o “acaso” que o eu-lírico da letra prefere descrever ou qualquer outra vertente que você acredita. Uma coisa é certa: um dia todos partiremos… e quem foi você?

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor

Seguindo a análise da vida que passou, o eu-lírico é enfático ao afirmar que complicou demais e trabalhou mais do que deveria, isto é, priorizou outras coisas das quais não eram prioridade. Isso é bastante comum em nossas rotinas… Vá! Confesse… Quantas vezes não complicamos ao invés de descomplicar? Quantas vezes fizemos tempestades em copos d’água? Quantas vezes implicamos com coisas pequenas a tornando grandes problemas? Quantas vezes você priorizou seu trabalho ao invés de sua família, de seus amigos, de sua vida social? Não estou dizendo aqui que é necessário abandonar o barco, mas buscar equilíbrio e entender que momentos são momentos, portanto passam! Isso pode nos ajudar a estabelecer prioridades.

É… devíamos ter amado mais! Ops! Devemos amar mais! Estamos vivos e nunca é tarde para mudarmos nossas atitudes e nossos comportamentos, estabelecer as reais prioridades e não se arrepender tanto no futuro daquilo que fizemos ou deixamos de fazer.

Por isso, Epitáfio é uma Canção para a vida.

Pensemos, repensemos e façamos novas escolhas. Mudemos a rota. Nunca é tarde.

Afinal, qual será seu epitáfio?

 

 

 

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